O ASSALTO de ZÉ VICENTE

No início da noite a grande corporação financeira despeja seus colaboradores pelos elevadores silenciosos. Na torre de mármore uma sala permanece ocupada por um homem solitário, imerso nas imagens do monitor do computador, à espera da chegada de um funcionário da faxina.

O encontro tão aguardado e planejado entre estes dois homens, separados pelo dia e pela noite, pelas diferenças sociais e culturais, cria uma arena onde o homem dia, Vitor, projeta suas expectativas e esperanças neste homem noite, Hugo. A sala, deliberadamente trancada por Vitor, converte-se na arena onde José Vicente constrói um intrincado jogo entre estes dois personagens, cada qual invisível à sua maneira. Vitor vive a sua invisibilidade como cidadão de uma metrópole vazia de sentidos, trabalhando em uma corporação sob o número 5.923.800. Hugo, invisível pela sua condição social, segregado economicamente; criatura da noite responsável por cuidar que o mau cheiro das privadas não empesteie o ar reciclado das salas. Este abismo entre ambos mais o ambiente claustrofóbico, opressor geram uma relação onde a tensão acompanha os personagens o tempo todo e mantém o espectador atento do começo ao fim do espetáculo.

Com narrativa que nos transporta a algum prédio corporativo da Avenida Berrini, O Assalto, apesar de escrito e encenado a quase 50 anos, é um texto à frente de seu tempo, capaz de dialogar profundamente com as inquietações e a sensibilidade da sociedade contemporânea, tão carente de sentido e de utopias. Através de uma direção precisa no jogo dos atores, Gustavo Trestini intensifica a violência e a compaixão propostas pelo autor, revelando a humanidade dos personagens a partir de suas contradições. O Assalto estreou em fevereiro de 2017 no teatro Cia da Revista, na cidade de São Paulo. Além de conquistar público e crítica, sendo reconhecida como uma das principais estreias da temporada foi indicada como uma das melhores peças em cartaz pela crítica especializada da revista Veja, e vista como a terceira grande montagem de sua trajetória.

Sinopse

Uma sala de uma grande corporação financeira converte-se na arena onde acontece um intrincado jogo de interesses entre Vitor, colaborador da corporação e Hugo, funcionário da faxina. Com final surpreendente, o texto - um dos mais importantes da dramaturgia brasileira - enfoca os conflitos existenciais frente às demandas da sociedade contemporânea.

FICHA TÉCNICA

TEXTO: José Vicente

DIREÇÃO: Gustavo Trestini

ASSISTENTE DE DIREÇÃO: Rita Giovanna

ELENCO: Fabio Santarelli e Rodrigo Caetano

CENÁRIO: Gustavo Trestini

FIGURINO E PRODUÇÃO: Fabio Santarelli

DESENHO DE LUZ: Fernando Azevedo

DESIGNER GRÁFICO: Gustavo Haddad

FOTOS: Leekyung Kim e Vitor Vieira