“Agora e na Hora” abre a programação do Teatro Folha em 2018
André Gonçalves, Amandha Lee e Rodolfo Mesquita dão vida a 13 personagens em peça que usa humor para questionar a natureza humana.
À primeira vista, a história de um padre devoto cuja fé é colocada à prova diante de uma doença terminal, pode parecer uma tragédia sobre dogmas religiosos, com narrativa dramática. Mas em “Agora e na Hora”, o humor e a ironia são as principais ferramentas utilizadas pelo autor Luis Erlanger para abordar questões cômicas da natureza humana. A temporada acontece de 05 de janeiro a 25 e fevereiro, em sessões de sexta-feira a domingo no Teatro Folha.
“Agora e na Hora” é a peça de estreia do jornalista e escritor Luis Erlanger. A montagem assinada pelo diretor teatral e cineasta Walter Lima Junior, traz André Gonçalves no papel do protagonista e os atores Amandha Lee e Rodolfo Mesquita desdobrando-se nos outros personagens da trama.
“Nossa trajetória na Terra pode ser vista como uma tragédia – afinal, todos morrem no final – mas é risível a forma patética como nós, humanos, ainda nos consideramos seres superiores na natureza e esperamos um tratamento especial por parte dela ou por quem está no seu comando”, reflete Erlanger. “Partindo dessa ideia, questionei, entre outras coisas, se um sacerdote, que acredita e prega a vida eterna, permaneceria tão convicto e sereno diante da iminência da própria morte”.
Com status de celebridade em sua paróquia, o jovem padre Emanuel (André Gonçalves) de apenas 30 anos, é diagnosticado com câncer em estado avançado após sofrer um desmaio durante a missa. Com pouco tempo de vida e inconformado com a inesperada notícia, abandona a batina e parte em busca de respostas em outros credos. Pregações evangélicas, Santo Daime, sessões espíritas e consultas a uma mãe de santo norteiam a sua busca, ao longo da qual descobre as drogas e o sexo, além das discussões filosóficas que faz com um amigo de infância que se tornou traficante. “Religiões são diferentes possibilidades de se falar com Deus, assim como o próprio teatro dá diferentes possibilidades de se falar sobre algo”, compara André, que iniciou a carreira de ator com o diretor Walter Lima Junior há três décadas. “Estreei com ele aos 12 anos, em uma minissérie televisiva. E também estou reencontrando a Amandha, com quem já havia trabalhado há quase 15 anos”.
Em sua jornada, Emanuel cruza os mais diferentes personagens, todos interpretados por Amandha Lee ou Rodolfo Mesquita: “É inegavelmente desafiador por ser uma oportunidade rara de construir tipos tão diferentes dentro de um mesmo espetáculo”, conta Amandha, que interpreta da mãe do sacerdote à prostituta que o desvirgina.
Rodolfo faz coro: “São composições muito sutis. Você tem que humanizar o personagem para não cair na caricatura, correndo o risco de banalizá-lo. Encontrar essa verdade, a forma de falar, de andar, é uma construção delicada, mas deliciosa”.
A caracterização de cada personagem é reforçada pelos figurinos assinados por Inês Salgado. Ela procurou marcar as diferenças entre eles com indumentárias específicas e atemporais.
A opção do diretor Walter Lima Junior por um elenco enxuto encontra eco em uma cena igualmente despojada, econômica, com poucos elementos, que ganham forma no cenário concebido por Fernando Mello da Costa, em que um caixão é o principal objeto cênico. “É a referência imediata com a morte, que deflagra toda a ação da peça. Ele está sempre presente e se transforma em cama, púlpito, ganhando diferentes funções de acordo com a situação”, explica.
Para o diretor, a luz, a cargo de Daniel Galvan, também tem uma função importante: “A ideia é que ela fuja do papel de definir a realidade da cena, mas sim o clima, a atmosfera, ajudando a construir os ambientes e estabelecer cortes, já que a história tangencia o mágico, o mistério e a fantasia”.
Seja em sua premiada trajetória como cineasta ou em suas incursões pela direção teatral, Walter procura sempre ir a fundo na discussão e entendimento do texto pelo elenco, que, para ele, é fundamental na compreensão do espetáculo pelo público: “Entendimento permite invenção, permite ao ator apresentar sua própria versão para não ficar restrito ao campo da interpretação de diálogos decorados”, acredita. “Meu objetivo é chegar no público, contar essa história. Eu não concebo a ideia de fazer filme nem peça sem me imaginar do outro lado, na plateia. Se não existe essa relação, não tem graça”, completa.
FICHA TÉCNICA Texto: Luis Erlanger Direção: Walter Lima Junior Assistência de direção: Carlos André Martins (Careca) Elenco: André Gonçalves – Padre Emanuel, Amandha Lee – Beata / Secretária / Garota de programa / Mãe-de- santo / Mãe / Médium, Rodolfo Mesquita – Sacristão / Oncologista / Pastor / Traficante / Daimista / Padre Cenografia: Fernando Mello da Costa Figurinos: Inês Salgado Iluminação: Daniel Galvan Trilha sonora: Pedro Silveira Produção executiva: Dani Carvalho e Renata Alvarenga Direção de produção: José Gonzaga Araújo Elaboração e administração: Bianca Ramos Patrocínio: Petrobras Realização: Pedra Corrida Produções Fotos: Leo Aversa e Cristina Granato
AGORA E NA HORA
Teatro Folha
Shopping Pátio Higienópólis
Endereço: Av. Higienópolis, 618 - Terraço - Higienópolis - São Paulo/SP
Telefone: 11 3823 2423 / 3823 2737 / 3823 2323
Capacidade: 305 lugares
Temporada: De 05 de Janeiro a 25 de Fevereiro
Horário: Sexta às 21h30, Sábado às 20h e 22h e Domingo às 20h
Gênero: Comédia
Duração 80 minutos
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$40,00 (setor 2) e R$70,00 (setor 1) às sextas-feiras; R$50,00 (setor 2) e R$80,00 (setor 1) aos sábados e domingos
*Valores referentes a ingressos inteiros. Meia-entrada disponível em todas as sessões e setores de acordo com a legislação.
Ingressos na bilheteria do teatro e pela internet: www.teatrofolha.com.br